Taxistas protestam contra o Uber em Nova Iguaçu

Taxistas de Nova Iguaçu realizaram ato de protesto ontem contra o que eles chamam de “concorrência desleal” do serviço de Uber na região. Eles percorreram as ruas centrais da cidade, em carreata, e estacionaram na porta da prefeitura.

A comissão não foi recebida pelo prefeito Rogerio Lisboa (PR) e, no Rio, onde também houve protestos e confronto entre taxistas e policiais militares, o prefeito Marcelo Crivela está ouvindo os Uber e todos os que trabalham com aplicativos.

De acordo com o taxista Claudio Botelho, porta-voz, da Associação dos Taxistas de Nova Iguaçu (ATANI), a categoria reivindica ao prefeito Rogerio Lisboa as seguintes medidas: fiscalização dos Uber no município ou a legalização do serviço deles, ”para acabar com essa concorrência desleal”, critica. Ele justifica que a profissão de taxista é regulamentada por lei, “mas está sendo usurpada pelos Uber”, avalia Botelho.

O taxista lembra também que o taxi é um serviço legalizado, pelo qual se paga ISS (imposto sobre serviço), taxa de vistoria, aferição de taxímetro e outros tributos. “Os Uber, como não pagam nada, podem cobrar corridas mais baratas”, reclama. Ainda para Botelho, “o que está acontecendo é que o país passa por uma crise, com 14 milhões de desempregados. Com isso, muita gente quer ser taxista através deste serviço. Isso não é cabível”, protesta.

Prefeito não atende

Depois de mobilizar a categoria em vários pontos de Nova Iguaçu, os taxistas se concentraram na Rua Mário José da Fraga, próximo a quadra da Escola de Samba Leão de Iguaçu, de onde saíram em carreata, pelas ruas do Centro. A manifestação passou pela Rua Dr. Mário Guimarães, Avenida Abílio Augusto Távora (Estrada de Madureira), Getúlio Vargas, Bernardino de Melo e viaduto Padre João Musch, retornando pela Via Light, com destino à Prefeitura de Nova Iguaçu, para cobrar posição do prefeito Rogerio Lisboa. Como o prefeito não estava, por volta do meio dia a comissão de taxistas conversou com representantes do governo. Mas não houve avanço. “Ouvimos que o prefeito depende da decisão da Justiça no Rio, para tomar posição aqui, no sentido de regulamentar os Uber com medidas parecidas com as nossas”, disse Botelho. Mais tarde o Jornal de Hoje apurou que a conversa não teve caráter oficial.

>>>Sub judice – No Rio de Janeiro, a juíza Ana Claudia Gomes de Almeida, da 6ª Vara de Fazenda, concedeu liminar em favor dos taxistas e contra a lei de autoria da vereadora Vera Lins (PP), que proibia o serviço de Uber. “Nem a prefeitura e nem o Detro podem impedir o serviço de Uber”, decidiu a magistrada e o assunto está “sub judice”. A juíza, eu seu despacho, escreveu o seguinte: “A diferença entre as duas modalidades é que o transporte público individual é aberto ao público. Em outros termos, qualquer cidadão pode pegar um táxi na rua, o que não acontece com o Uber, que depende exclusivamente da plataforma tecnológica. Cabe aqui um apontamento: existem várias cooperativas e prestadores de serviços de táxi que se beneficiam da mesma tecnologia para angariar consumidores, como, por exemplo, o Easy Táxi e o 99 Táxis. A diferença para o Uber, como apontado, é que os táxis também dispõem da alternativa de conquistarem os consumidores nas ruas; daí ser aberto ao público”, sentenciou a juíza.

Origem do Uber

A palavra Uber é uma gíria, em inglês, que significa “super”, “ultra”, “mega” ou para expressar admiração sobre alguma coisa. Mas o serviço de Uber, como táxi, surgiu em 2008, na Califórnia, nos Estados, através de Travis Kalanick e Garrett Camp. Era uma tarde, nevava muito em Paris e eles tiveram dificuldades de pegar um táxi. Então, imaginaram como seria bom se apertassem um botão ou uma tecla e o taxi aparecesse. Então, já nos Estados Unidos, criaram um aplicativo para chamar carros pretos de luxo em regiões metropolitanas. Não imaginavam que a ideia daria tão certo, ao ponto de se espalhar pelo mundo.

No Rio, o Uber chegou em maio de 2014, se alastrando pelo estado. Em Nova Iguaçu, chegou em 2016 e virou uma febre na cidade. O preço e a rapidez no atendimento são seus principais atrativos. De Nova Iguaçu ao bairro Cobrex, por exemplo, onde o transporte público é muito precário e o alternativo é proibido de apanhar passageiros, um moto-taxi cobra R$ 10, um Uber cobra R$ 11, enquanto do táxi tradicional, a corrida fica em torno dos R$ 40.

Reportagem; Davi de Castro

via: Jornal de hoje

28/07/2017