Um ano depois, Polícia indicia ex-diretor por venda de diplomas em Nova Iguaçu

Um ano e dois meses após a revelação de um esquema de venda de diplomas universitários por um vice-diretor de uma escola de Santo Antônio de Posse (SP), a Polícia Civil de Mogi Guaçu (SP), responsável pelo inquérito, indiciou o servidor por falsidade ideológica. De acordo com a titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) do município, Edna Salgado, ficou provado através de depoimentos e documentos das testemunhas de que ele vendia os documentos.

A delegada pediu mais prazo para juntar documentos ao inquérito e depois vai encaminhá-lo ao Ministério Público (MP). A pena para o crime de falsidade ideológica varia de um a cinco anos de prisão. Na ocasião, Ezequiel Nascimento da Silva perdeu o cargo e foi afastado da unidade de ensino, mas foi transferido para a Direção Regional de Ensino de Mogi Mirim (SP) para fazer serviços administrativos. No entanto, ele não está mais na função desde outubro.

O G1 conversou por telefone com o ex-diretor na tarde desta quarta-feira (7) e ele afirmou que não vai se pronunciar. O indiciamento dele foi feito na terça-feira (6), segundo informações da Polícia Civil.

Esquema

Em outubro de 2015, o vice-diretor à época foi flagrado pela EPTV, afiliada da TV Globo, enquanto negociava um diploma universitário dentro da sala da diretoria da Escola Estadual Santo Antônio, no Centro do município. Ele ainda admitiu que havia conseguido diplomas para outras pessoas. O documento custava R$ 30 mil e vinha da Faculdade Mundial de São Paulo. A instituição negou envolvimento com o caso.

Além da instituição de São Paulo, Ezequiel Nascimento da Silva também vendeu, por R$ 1 mil, um certificado de conclusão de ensino médio de uma escola de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, segundo um morador do município que fez a compra e não quis se identificar. O documento emitido pelo Centro Educacional Pódio foi registrado no Diário Oficial do estado.

A unidade foi procurada pela reportagem, mas não atendeu as ligações. Já a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro informou que existe uma sindicância em andamento, mas, como já foram identificadas irregularidades, a escola não pode emitir novos certificados e nem fazer publicações no diário oficial.

Denúncia

O caso começou a ser apurado após uma denúncia em agosto do ano passado. O primeiro contato foi feito por telefone e um encontro foi marcado dentro da escola no início de agosto. Se passando por um casal e com uma câmera escondida, dois produtores foram recebidos pessoalmente pelo vice-diretor, encaminhados até a diretoria e solicitaram a compra de um diploma de ensino superior.

O suspeito foi desmascarado pela reportagem no dia em que o pagamento pelo diploma seria feito e negou as acusações.

Outro processo

O motivo do afastamento do cargo que o ex-diretor passou a exercer administrativamente, em Mogi Mirim, após a denúncia de venda de diplomas, foi outra sindicância, aberta em 2014, por suspeita de assédio sexual na mesma escola. A Procuradoria Geral do Estado considerou Ezequiel Nascimento da Silva culpado e o desligamento dele foi publicado no Diário Oficial de São Paulo no dia 12 de outubro. O primeiro julgamento do caso será em fevereiro de 2017.

A dirigente regional de ensino responsável por Santo Antônio de Possex, Elin Vasconcellos, afirmou que, como a decisão ainda cabe recurso, o funcionários deixou de receber salário, mas não é exonerado definitivamente. Segundo ela, Silva não foi afastado já em 2014, quando surgiu a suspeita de assédio sexual, por falta de “elementos comprobatórios”.