A turbulência política no Rio de Janeiro, marcada pela prisão e investigação do presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), investigado por suposto vazamento de informações da Polícia Federal, reconfigurou o tabuleiro eleitoral para 2026.
Com o desgaste de Bacellar, que era um nome já cotado na federação União Progressista (União Brasil + PP), o prefeito de Belford Roxo, Márcio Canella, surge com força inegável, emergindo como o principal ativo do partido para a disputa pelo Governo do Estado.
Nos bastidores, o nome de Canella, que ostenta altos índices de popularidade em seu município, é visto pela retaguarda política como um candidato viável e valioso para consolidar uma chapa competitiva. Sua ascensão é diretamente proporcional à crise de Bacellar.
O prefeito de Belford Roxo se destaca agora em meio a outros potenciais nomes, como Washington Reis e Rogério Lisboa. A movimentação de Lisboa, que precisaria deixar o PP para se unir ao grupo do prefeito do Rio, Eduardo Paes, apenas adiciona mais complexidade ao panorama, sublinhando a importância estratégica da candidatura de Canella.
Com base sólida na Baixada Fluminense e um crescimento repentino no cenário estadual, Márcio Canella se consolida como um pré-candidato que deve ser peça chave nas articulações para as eleições de 2026.
A prisão do presidente da Alerj, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), baseia-se em acusações graves de que o parlamentar teria vazado informações sigilosas.
As Acusações Centrais
Bacellar é suspeito de ter repassado dados confidenciais da Operação Zargun, deflagrada em setembro, que culminou na prisão do então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias.
Vazamento de Informações: Segundo a PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bacellar teria alertado TH Joias sobre a iminência da operação policial.
Obstrução de Justiça: O vazamento teria permitido que TH Joias tomasse medidas para frustrar a ação, como esvaziar seu imóvel, trocar de aparelho celular e se desfazer de objetos. Investigações apontam que conversas indicavam um plano logístico que incluía a retirada de bens da residência do alvo.
Ligação com Crime Organizado: A Operação Zargun investigava TH Joias por ser um suposto braço político da facção criminosa Comando Vermelho (CV), intermediando a compra de fuzis, drogas e equipamentos antidrones para o Complexo do Alemão. A decisão do STF aponta a gravidade da infiltração do crime organizado no poder público.
Crimes Investigados: Bacellar é investigado por crimes como organização criminosa, obstrução de justiça, violação de sigilo funcional e fraude processual.
Contexto da Prisão e Defesa
A prisão de Bacellar ocorreu na sede da PF no Rio de Janeiro, em uma estratégia para evitar a espetacularização. Além do mandado de prisão preventiva, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao político, incluindo seus gabinetes.
Dinheiro Apreendido: Nas buscas no veículo oficial do presidente da Alerj, a PF apreendeu R$ 90.840,00 em espécie.
Posicionamento da Defesa: A defesa de Rodrigo Bacellar nega veementemente as acusações, alegando que o parlamentar não agiu para obstruir investigações ou vazar informações. Os advogados afirmam que Bacellar prestou todos os esclarecimentos necessários à PF.
