Quem tem problemas cardíacos pode fazer exercícios? Especialista explica

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, sendo responsáveis por cerca de 400 mil óbitos anuais, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A cada 90 segundos, uma pessoa morre por alguma complicação cardiovascular, o que equivale a 46 mortes por hora.

Além da alta mortalidade, essas doenças afetam bastante a qualidade de vida, limitando as atividades diárias e aumentando a necessidade de tratamentos contínuos.

Com essa situação, muitas pessoas com problemas cardíacos têm dúvidas sobre a prática de atividades físicas. Afinal, será que o exercício pode ser seguro para quem já tem uma condição cardiovascular?

Os exercícios podem ser benéficos, mas com cuidados

De acordo com o cardiologista Dr. Rafael Marchetti , a resposta para essa pergunta não é simples.

“Os exercícios físicos são fundamentais para a saúde do coração, mas, em pacientes com doenças cardiovasculares, precisam ser prescritos de forma individualizada”, explica.

" O exercício físico é fundamental para a saúde do coração e pode ser praticado por todos, desde que a intensidade seja ajustada à condição de cada pessoa. Mesmo após um infarto ou cirurgia cardíaca, a atividade deve começar ainda no hospital, na chamada Reabilitação Cardíaca Fase 1, e continuar com aumento progressivo da intensidade, sempre com acompanhamento profissional".

“A intensidade e o tipo de exercício devem ser definidos com base no histórico clínico de cada paciente de forma particular para cada profissional”, ressalta o especialista.

Avaliação médica é essencial

Antes de iniciar qualquer atividade física, pessoas com problemas cardíacos devem passar por uma avaliação médica completa.

"A avaliação clínica especializada é a etapa mais importante, ela que vai definir quais exames complementares são necessários para cada caso. Não existe uma lista de exames prontos que servem para todos" , afirma o Dr. Rafael .

Exercícios a serem evitados

Até mesmo exercícios intensos podem ser liberados, mas novamente, sendo realizados apenas sob supervisão, só o fato de uma pessoa ter tido um infarto ou que operou o coração que nunca mais vai poder voltar a correr longas distâncias.

O importante é estabelecer um programa de treinamento individualizado, iniciar com baixa intensidade, trabalhar todos os aspectos da despesa física (como força, condicionamento, flexibilidade e equilíbrio) e evoluir com o passar do tempo.

“Acompanho pessoas que têm melhor desempenho físico agora, após sofrerem infarto ou operarem o coração, do que estavam antes, essa é a magia da reabilitação cardíaca, que na fase 4 é feita com supervisão à distância, permitindo uma vida normal para o cardiopata”

“Lembrando que a prática de exercícios é um dos principais elementos do tratamento cardiovascular, superando muitas vezes o uso de medicamentos e/ou procedimentos no aumento da sobrevida e na melhora dos sintomas” , conclui Dr. Rafael .