No último ano, o Brasil registrou mais de 344 mil internações por doenças relacionadas à falta de saneamento básico, segundo dados do Ministério da Saúde. As chamadas doenças de veiculação hídrica, como diarreia, hepatite A, leptospirose e parasitoses intestinais, continuam afetando milhares de pessoas todos os anos, especialmente em regiões com pouco acesso a redes de esgoto e água tratada.
“A água é o principal vetor de transmissão de diversas doenças. Quando não passa por tratamento adequado, pode carregar microrganismos perigosos que podem provocar surtos em comunidades inteiras, comprometendo a assiduidade de crianças na escola, o comparecimento de adultos ao trabalho e todo o desenvolvimento sócio-econômico local, além de sobrecarregar o sistema de saúde”, explica Sibylle Muller, engenheira civil e CEO da NeoAcqua, empresa referência em soluções de tratamento de água e esgoto.
Segundo ela, as estações de tratamento de água e a correta manutenção de adutoras têm papel essencial no controle dessas doenças, ao eliminar agentes contaminantes e garantir que a água chegue potável às residências. “O tratamento correto é a primeira barreira contra doenças. Ainda assim, cerca de 33 milhões de brasileiros seguem sem acesso à água tratada e outros 90 milhões vivem sem coleta de esgoto, o que evidencia o tamanho do desafio”, completa a especialista.
Além dos impactos diretos à saúde, o saneamento precário também pressiona o sistema hospitalar e afeta a produtividade do país. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINISA), cerca de 83% da população brasileira tem acesso à água potável - um número que vem crescendo, mas ainda distante da universalização prevista pelo Marco Legal do Saneamento, sancionado em 2020.
“Investir em tratamento e reduzir as perdas é investir em saúde pública. O saneamento é a base da prevenção, um tema que precisa estar no centro das políticas de governo e também nas ações das empresas privadas”, conclui Sibylle.
O avanço do saneamento básico e do acesso à água tratada é uma medida urgente para preservar vidas e garantir o desenvolvimento sustentável do país. Cada investimento realizado nessa área representa menos internações, menos gastos públicos e mais qualidade de vida. Água limpa é sinônimo de saúde e desenvolvimento — e o tratamento adequado é o caminho mais eficaz para evitar doenças e promover um futuro mais seguro e equilibrado.