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Calorão: como proteger recém-nascidos durante o pré-verão

sexta-feira, novembro 07, 2025

/ by Jornal Destaque Baixada


O pré-verão de 2025 promete ser mais quente do que o habitual. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a Região Sudeste deve registrar temperaturas até 2 °C acima da média histórica e maior volume de chuvas, o que intensifica a sensação térmica.

No Rio de Janeiro, as máximas devem ultrapassar os 30 °C já nas primeiras semanas de novembro. Diante desse cenário, pais e cuidadores de recém-nascidos precisam redobrar a atenção: o organismo dos bebês ainda não está preparado para lidar com o calor excessivo.

Segundo a pediatra Patricia Goldberg, que atua na UTI Neonatal do Hospital Maternidade Paulino Werneck, os primeiros meses de vida exigem vigilância constante em relação à temperatura e à hidratação.

“O sistema de termorregulação do recém-nascido ainda é imaturo. Ele não sua com eficiência e tampouco consegue dissipar o calor como um adulto, o que o torna mais suscetível ao superaquecimento e à desidratação”, explica.

Além disso, a pele do bebê é cerca de 20% mais fina do que a de um adulto, o que facilita a perda de água e o surgimento de irritações, como assaduras e brotoejas.


Por que o calor é mais perigoso para os bebês?

A médica reforça que os efeitos do calor não devem ser subestimados. “As ondas de calor podem causar quadros de desidratação e exaustão térmica, que evoluem rapidamente em bebês. Um recém-nascido pode apresentar sinais sutis de desconforto que, se ignorados, evoluem para situações de risco em poucas horas”, alerta.

De acordo com dados da Fiocruz, os episódios de internação infantil por desidratação tendem a aumentar em até 30% durante períodos de calor intenso, especialmente entre os menores de um ano.

“É uma faixa etária extremamente vulnerável, pois o corpo do bebê perde líquidos mais rapidamente e tem menor reserva para compensar essa perda”, acrescenta a especialista.


Hidratação: o cuidado mais importante

A hidratação é o primeiro passo para proteger os pequenos. O leite materno é a principal e mais completa fonte de líquidos para o bebê e deve ser oferecido em livre demanda, sem horários fixos.

Por isso, é essencial que as mães mantenham uma boa hidratação ao longo do dia, mantendo sempre uma garrafa de água por perto, especialmente antes e depois da amamentação. Embora a quantidade ideal varie de pessoa para pessoa, recomenda-se o consumo de, pelo menos, 2,5 a 3 litros de água diários, complementados por alimentos ricos em água e outras bebidas saudáveis, como sucos naturais e chás.

“Em dias quentes, o bebê pode mamar por períodos mais curtos, mas com maior frequência. Essa é uma forma natural de manter o equilíbrio hídrico e a temperatura corporal adequados”, orienta a Dra. Patricia.

Para os que recebem fórmula, a pediatra recomenda seguir rigorosamente as instruções de preparo e a quantidade indicadas pelo médico.

Entre os principais sinais de desidratação estão boca seca, choro sem lágrimas, moleira afundada, irritabilidade e redução no número de fraldas molhadas. “Ao menor sinal de alerta, é fundamental procurar avaliação médica imediata”, enfatiza.


Pele: o escudo que exige delicadeza

A pele do recém-nascido é uma das partes mais afetadas pelo calor. A obstrução das glândulas sudoríparas pode causar a chamada brotoeja, uma irritação comum nos meses mais quentes.

“Manter a pele limpa, seca e fresca é essencial. Os banhos podem ser mais curtos e mornos, duas a três vezes ao dia, apenas com sabonete neutro. Isso ajuda a refrescar o bebê e evita o acúmulo de suor, sem ressecar a pele”, afirma a médica.

Após o banho, a aplicação de um hidratante suave e específico para bebês ajuda a preservar a barreira cutânea. “A pele do recém-nascido precisa de hidratação regular para se proteger das agressões do calor, mas é importante escolher produtos hipoalergênicos e sem perfume”, diz.

A exposição solar, segundo a Dra. Patricia, deve ser evitada nos primeiros meses. “Recém-nascidos não devem ser expostos diretamente ao sol, especialmente entre 10h e 16h. Mesmo na sombra, a radiação indireta pode ser prejudicial”, alerta.

Como alternativa, ela recomenda o uso de barreiras físicas, como chapéus de abas largas, roupas com proteção UV e carrinhos com capota. O protetor solar só é indicado a partir dos seis meses e com recomendação pediátrica.


Ambiente e roupas: conforto térmico

A escolha das roupas e a adequação do ambiente também são fundamentais para o bem-estar do bebê. “Prefira roupas leves, de algodão e em tons claros, que permitem a transpiração e evitam o superaquecimento. Mesmo em locais com ar-condicionado, é importante não exagerar nas camadas”, ressalta a neonatologista.

Ela recomenda manter a temperatura do ambiente entre 23 °C e 25 °C, com boa ventilação e o fluxo de ar direcionado para longe do berço. “O bebê deve estar sempre confortável ao toque, nem suando, nem com extremidades frias”, pontua.

Os passeios devem ser feitos apenas nos horários de menor incidência solar, antes das 10h e depois das 16h, e sempre em locais arejados e sombreados. “Evite sair com o bebê em horários de pico de calor. O desconforto térmico pode ser imediato, e a pele e o metabolismo dos pequenos não suportam longas exposições”, destaca a Dra. Patricia.


Atenção aos sinais

Ainda segundo a pediatra, alguns sinais de alerta que devem ser reconhecidos pelos pais e pode evitar complicações são: “boca seca, choro fraco ou sem lágrimas, sonolência excessiva, irritabilidade e pele muito quente ou avermelhada são sintomas de que algo não está bem”. Nesses casos, a recomendação é procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo.

Para ela, o segredo está na prevenção. “Com informação e observação atenta, é possível atravessar o calor com segurança. O verão é uma época de alegria, mas também de cuidado. Cada detalhe, seja na roupa, temperatura do quarto, frequência das mamadas, tudo isso faz diferença para garantir o bem-estar dos recém-nascidos”, conclui a especialista.
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