Antes vista como uma condição do envelhecimento, a síndrome do olho seco atinge cada vez mais a população jovem, impulsionada pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Um novo estudo da Aston University, no Reino Unido, publicado na revista científica The Ocular Surface, revelou um dado alarmante: 90% dos jovens avaliados apresentavam pelo menos um sinal clínico da doença.
A principal causa, segundo especialistas, está diretamente ligada à rotina digital intensa. "Os jovens estão cada vez mais afetados pelo olho seco justamente pelo tempo diante de celulares e computadores, o que faz com que pisquem menos e deixem a superfície ocular exposta por mais tempo", explica o Dr. André Lopes, oftalmologista do IOBH – Instituto de Olhos de Belo Horizonte.
Fatores de risco e sintomas
O problema vai além das telas. Uma combinação de fatores modernos agrava a qualidade do filme lacrimal:
Estilo de Vida: Alimentação desequilibrada, alto consumo de cafeína e estresse.
Ambiente: Poluição e ar-condicionado, que reduzem a umidade e aumentam a evaporação da lágrima.
Produtos: Uso de cosméticos, protetores solares e sabonetes específicos.
Os primeiros sinais são frequentemente confundidos com cansaço visual, mas exigem atenção imediata. Sintomas como ardência, vermelhidão e visão turva intermitente indicam a necessidade de procurar um oftalmologista.
“Muitas vezes, o paciente fala em cansaço visual, mas o cansaço pode ser um dos sintomas do olho seco. Ele não é um diagnóstico em si”, esclarece o Dr. André Lopes. A falta de tratamento pode levar a consequências graves, incluindo lesões na córnea, aumento do risco de infecções e redução da acuidade visual.
Prevenção e tratamentos avançados
O especialista orienta que a prevenção começa com mudanças simples de hábito:
Pausar o uso de telas e piscar com mais frequência.
Manter a alimentação rica em ômega 3 e ômega 6, ácidos graxos que fortalecem a camada lipídica da lágrima, evitando sua evaporação.
Para os casos que necessitam de intervenção, os tratamentos evoluíram significativamente. Além das lágrimas artificiais, já estão disponíveis:
Terapia com luz pulsada: para melhorar a secreção da camada lipídica.
Colírios e antibióticos tópicos: para regular a produção sebácea das pálpebras.
Lentes esclerais: em casos severos, criam uma fina camada de soro fisiológico, proporcionando hidratação contínua e alívio imediato.
O Dr. André Lopes reforça que o olho seco é, em grande parte, um "reflexo de vários comportamentos diários" inadequados. "Se o seu olho está seco e você é jovem, há algo de errado — ou várias coisas erradas — no seu estilo de vida. Melhorar cada um desses aspectos é difícil, mas sempre vale a pena. Os olhos agradecem", conclui.
